dialética negativa

Thursday, March 22, 2018

Teoria literária II-2018-01- Roteiro de aula

Teoria literária II-2018-01- Roteiro de aula
Gêneros literários

Gêneros musicais de hoje em dia:
Música clássica, jazz, rock, pop, MPB,
rap, funk, música eletrônica, world music,
música folclórica, música popular, ambient music.

Subgêneros do rock:
Alternative rock – Art rock – Beat music – Britpop – Desert rock –
Detroit rock – Emo – Experimental rock – Garage rock – Glam rock –
Group Sounds – Grunge – Hard rock – Heartland rock – Heavy metal –
Instrumental – Indie rock – Jangle pop – Krautrock – Madchester –
Post-Britpop – Power pop – Progressive rock – Protopunk –
Psicodelia – Punk rock – Rock noir – Soft rock – Southern rock – Surf – Sinfônico
New wave, jazz rock
Gêneros de fusão
Aborígene – Afro-rock – Anatólio – Bhangra rock – Blues-rock –
Country rock – Flamenco-rock – Folk rock – Funk rock - Glam punk –
Indo-rock – Industrial rock – Jazz fusion – Pop rock - Punta rock –
Raga rock – Raï rock – Rap rock – Rockabilly – Rockoson – Samba-rock –
Space rock – Stoner rock – Surf rock, Sufi rock

Subgêneros do heavy metal:
Subgêneros
Black metal  • death metal  • doom metal  • power metal  • speed metal  • thrash metal
Gêneros de fusão
Avant-garde metal  • crust punk  • djent  • drone metal  • folk metal  •
funk metal  • glam metal  • gothic metal  • grindcore  • Neue Deutsche Härte  •
kawaii metal  • metal alternativo  • metalcore  • metal cristão  • metal industrial  •
metal neoclássico  • metal progressivo  • metal sinfônico  • nu metal  • post-metal
• rap metal  • sludge metal  • stoner metal
Formas regionais
Austrália • Bay Area • Brasil • Reino Unido  • Alemanha • Gothenburg •
Estados Unidos • Noruega

Meme exemplificando o conhecimento do expert em Metal e a pessoa normal:



Mesmo modelo de meme com o rock progressivo

O que isso quer dizer?
1- Os gêneros artísticos não foram inventados pelos teóricos, eles surgem da própria
relação entre artistas e público.
2- Quando teóricos do passado se referiam a elegia, soneto, iambo, canção, ode,
idílio, pastoral, écloga, quadra, trova e epigrama como diferentes formas da lírica,
eles não estavam falando de algo que ninguém conhecia, estavam de fato se remetendo
a formas cancionais e literárias que todo mundo conhecia e praticava cotidianamente.
3- Os gêneros mediam a relação do público com a obra, do artista com obra (mesmo que
seja para negá-lo) e do artista com o público.

Tipos de fontes de gêneros literários no Antigo Testamento
"Conseqüentemente, existe uma grande variedade de modos de falar
e de gêneros literários empregados nesses livros, cujas raízes se encon-
tram em geral nas antigas tradições do Antigo Oriente e cuja multiplici-
dade de formas decorre, em parte, das formas vétero-orientais e paleo-
israelíticas, e, em parte, das concepções que surgiram na Palestina sob o
influxo da fé javista. Por isso, antes de descrevermos os gêneros literários,
é preciso considerar mais de perto sua presença no Antigo Oriente, por-
que é sobre este pano de fundo que se projetam tanto o entrelaçamento
dos gêneros literários israelíticos com os gêneros literários vétero-orien-
tais, como a multiplicidade de suas características próprias em relação a
estes últimos. Esta multiplicidade de formas obriga, sem dúvida, a limi-
tar nosso estudo aos pontos mais importantes. Uma exposição mais deta-
lhada forçosamente nos levaria além de qualquer limite.
Para apresentarmos os gêneros literários em uma visão panorâmica
a mais completa possível, devemos ordená-los em seis grupos, embora
isto não signifique que a inclusão de certos gêneros literários em determi-
nado grupo implique sejam eles da mesma origem nem tenham tido a
mesma finalidade. O primeiro grupo, o dos "gêneros literários normati-
vos", compreende aquelas formas que se referem à vida e ao comporta-
mento e também a toda a esfera do direito. O segundo grupo, o dos "gê-
neros impetrativos e desiderativos", contém aquelas formas e fórmulas
que, sob os mais variados aspectos, exprimem um pedido ou um desejo.
O terceiro grupo, o dos "gêneros querigmáticos e doutrinários ou didáti-
cos", é constituído por aquelas formas nas quais, em virtude de uma auto-
ridade especial, se anuncia alguma coisa, se dá uma instrução ou se trans-
mite um conhecimento. Os "gêneros narrativos", que formam o quarto
grupo, descrevem situações ou acontecimentos de caráter inverossímil ou
duvidoso, enquanto os gêneros ditos de informação", que constituem o
quinto grupo, abrangem enumerações ou descrições que, pelo menos quan-
to à forma, pretendem reproduzir as coisas tais como se apresentam na
realidade. Ao sexto grupo pertencem os "gêneros literários de comunica-
ção", constituídos por formas de comunicação imediata com Deus ou com
os demais homens. Com o fim de simplificar e de concentrar, no quadro
geral que a seguir traçaremos sobre o Antigo Oriente, estudaremos o
direito, a instrução, a narrativa e o relato somente em seus aspectos
essenciais."
SELLIN, Ernest. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Ed.
Academia Cristã Ltda, 2007, p. 76-77.

Isso significa que os textos bíblicos tiveram como base gêneros literários que
já vigoravam anteriormente nas antigas tradições do Antigo Oriente.
Como diz Todorov:
"De onde vêm os gêneros? Pois bem, simplesmente de outros gêneros. Um novo gênero é sempre a transformação de um ou de vários gêneros antigos: por inversão, por deslocamento, por combinação. Um “texto” de hoje (também isso é um gênero num de seus sentidos) deve tanto à “poesia” quanto ao “romance” do século XIX, do mesmo modo que a “comédia lacrimejante” combinava elementos da comédia e da tragédia do século precedente. Nunca houve literatura sem gêneros; é um sistema em contínua transformação e a questão das origens não pode abandonar, historicamente, o terreno dos próprios gêneros: no tempo, nada há de “anterior” aos gêneros", p. 46.

A origem dos gêneros está ligada aos primeiros atos de fala na origem da própria
cultura: oração, conversa, canto, performance ritual.

Contudo, muitas vezes percebemos que os escritores não querem que sua obra
seja rotulada dentro de um gênero. No modernismo (anos 1910 e 1920, em especial),
houve uma forte negação de enquadramento das obras em gêneros. Por quê?

Leia a resposta de Blanchot:
BLANCHOT, Maurice. O livro por vir. São Paulo: Martins Fontes, 2005. [1959]
p. 292: "E não é notável, mas enigmático, notável como um enigma, que essa mesma palavra "literatura", palavra tardia, palavra sem honra que serve sobretudo aos manuais, que acompanha a marcha cada vez mas invasiva dos escritores de prosa, e designa, não a literatura, mas seus defeitos e excessos (como se estes lhe fossem essenciais), tome-se, no momento em que a contestação se faz mais severa, em que os gêneros se dissolvem e as formas se perdem, no momento em que, por um lado o mundo não tem mais necessidade de literatura, e por outro cada livro parece estranho a todos os outros e indiferente à realidade dos gêneros, no momento em que, além disso, o que parece exprimir-se nas obras não são as verdades eternas, os tipos, os caracteres, mas uma exigência que se opõe à ordem das essências, a literatura, assim contestada como atividade válida, como unidade dos gêneros, como mundo em que se abrigariam o ideal e o essencial, torne-se a preocupação, cada vez mais presente, embora dissimulada, daqueles que escrevem e, nessa preocupação, apresente-se a eles como aquilo que deve ser revelado em sua "essência"?"
p. 299: "Só importa o livro, tal como é, longe dos gêneros, fora das rubricas, prosa, poesia, romance, testemunho, sob as quais ele se recusa a abrigar-se e às quais nega o poder de lhe atribuir seu lugar e de determinar sua forma. Um livro não pertence mais a um gênero, todo livro diz respeito somente à literatura, como se essa detivesse, de antemão, em sua generalidade, os segredos e as fórmulas exclusivas que permitem dar ao que se escreve a realidade de livro.Tudo aconteceria então como se, tendo-se dissipado os gêneros, a literatura se afirmasse sozinha, brilhasse sozinha na claridade misteriosa que propaga e que cada criação literária lhe devolve, multiplicando-a - como se houvesse, pois, uma "essência" da literatura."

Agora veja a resposta de Todorov a Blanchot:
TODOROV. Tzvetan. Os gêneros do discurso. São Paulo: Martins Fontes, 1980. [1978]
artigo: "A ORIGEM DOS GÊNEROS"
p. 44: "Aliás, lendo os próprios escritos de Blanchot em que se afirma esse desaparecimento dos gêneros, vemos operando categorias cuja semelhança com as distinções genéricas é difícil negar. Assim, um capítulo do Le livre à venir é dedicado ao diário íntimo; um outro, à palavra profética. Falando do mesmo Broch (“que não mais se submete à distinção dos gêneros”), Blanchot nos diz que ele “se dedica a todos os modos de expressão — narrativos, líricos e discursivos” (p. 141). E o que é mais importante, esse livro repousa inteiro na distinção entre dois, talvez não gêneros, mas modos fundamentais, a narrativa e o romance, a primeira caracterizando-se pela procura obstinada de seu próprio lugar de origem — que apaga e esconde o segundo. Não são pois “os” gêneros que desapareceram, mas os-gêneros-do-passado, tendo sido substituídos por outros. Não se fala mais de poesia e prosa, de testemunho e ficção, mas do romance e da narrativa, do narrativo e do discursivo, do diálogo e do diário.
O fato de a obra “desobedecer” a seu gênero não o torna inexistente; somos quase levados a dizer: pelo contrário. E isso por uma dupla razão. Primeiro, porque a transgressão, para existir como tal, necessita de uma lei — que será, precisamente, transgredida."
p. 45: "Ainda mais: para ser uma exceção, a obra pressupõe necessariamente uma regra; mas, além disso, assim que reconhecida em seu estatuto excepcional, essa obra torna-se, por sua vez, uma regra, graças ao sucesso de livraria e à atenção dos críticos."
Friedrich Schlegel: “A teoria das espécies poéticas seria a doutrina de arte específica da poesia. “As espécies de poesia são, propriamente, a própria poesia” (Conversation sur la poésie). A poesia são os gêneros; a poética, a teoria dos gêneros".
p. 48: "Portanto, os gêneros são unidades que podemos descrever sob dois pontos de vista diferentes, o da observação empírica e o da análise abstrata. Numa sociedade, institucionaliza-se a recorrência de certas propriedades discursivas, e os textos individuais são produzidos e percebidos em relação à norma que esta codificação constitui. Um gênero, literário ou não, nada mais é do que essa codificação de propriedades discursivas."
p. 49: "É porque os gêneros existem como instituição, que funcionam como “horizontes de expectativa” para os leitores, como “modelos de escritura” para os autores."

Isto é: não podemos fugir dos gêneros. Não fugimos de codificações, nem mesmo quando
as negamos. A transgressão precisa da lei. Contudo, o sistema está em constante modificação: uns gêneros surgem e outros vão desaparecendo.

Questões:
1- Você gosta de um gênero mais do que outro? O interesse pelos gêneros deve vir do
gosto? O que é identificar-se com um gênero e desgostar de outro?
2- Por exemplo: se alguém de fato lê literatura, normalmente gosta de ler romance e
não poesia. Por quê? Qual a atração do romance e qual o problema do livro de poesia?
Não é possível ler poemas curtos no ônibus, no metrô, com mais facilidade do que
um romance?
3- Se você não lê romance, você lê conto? Já parou para pensar como os livros
podem se adaptar às suas necessidades?
4- Como apresentar essas possibilidades de leitura ao aluno de ensino fundamental
e médio? Como estimular a leitura do aluno?
5- Estudar gêneros e períodos literários ajuda a termos uma visão abrangente da
literatura ao longo da história? Se tais esquemas certamente não substituem a leitura
das obras, será que eles estimulam a leitura? Será que eles dão uma primeira noção
necessária?
6- Até que ponto uma obra se encaixa num gênero?

Qual a origem não dos gêneros, mas da classificação dos gêneros? Qual a origem e
história da teoria do gênero? É para responder essa pergunta que leremos o livro
de Gerard Genette.

GENETTE, Gerard. Introdução ao arquitexto. Lisboa: Vega Gabinete de edições, 1987. [1979]
Ler da parte I à parte V (até a p. 52)

 p. 39:
À tríade platónica
narrativo -  misto -  dramático
substituiu-se o par aristotélico:
0             - narrativo - dramático

p. 31:













p. 36: "De facto, isso é claro, estamos perante duas realidades distintas:
uma ao mesmo tempo modal e temática, que as primeiras páginas da Poética colocam,
e que é o drama nobre, ou sério, por oposição à narrativa nobre (a epopeia)
e ao drama baixo, ou alegre (a comédia); essa realidade genérica,
que engloba igualmente Os Persasi Édipo Rei,
é então baptizada tradicionalmente tragédia, e Aristóteles não cuida,
evidentemente, de contestar essa denominação. A outra é puramente temática,
e de ordem mais antropológica que poética: é o trágico, ou seja,
o sentimento da ironia do destino, ou da crueldade dos deuses"
p. 37:











"Em termos de sistema dos géneros, a tragèdia é, portanto, uma especificação temática
do drama nobre, tal como para nós o vaudeville é uma especificação temática da comédia,
ou o romance policial uma especificação temática do romance. [...]
alguns poeticistas arrastados por essa confusão, e ingenuamente fincados
em aplicar e fazer aplicar ao conjunto de um gênero as normas
que ele tinha indicado para uma das suas espécies."
p. 38
"Ou, mais exactamente, recordo-o uma última vez, Aristóteles
reconhece perfectamente — e valoriza — o carácter misto do modo épico:
o que nele desaparece é o estatuto do ditirambo, e, no mesmo instante,
a necessidade de distinção entre narrativo impuro e narrativo puro."
p. 40
"Durante vários séculos (29), a redução platónico-aristotélica
do poético ao representativo vai pesar sobre a teoria dos géneros
e manter aí a insegurança ou a confusão."

Noção de poesia lírica: técnica e restritiva:
- Aristarco: tábua de nove poetas líricos
(entre os quais Alceu, Safo, Anacreonte, Pindaro)
por largo tempo permanecerá canônica
- Horácio, Arte poética: reduz- -se, quanto a géneros,
a um elogio a Homero, bem como a uma exposição
das regras do poema dramático.
- p 41, Quintiliano: lista de leituras gregas:
sete gêneros poéticos: "lírico não é aqui mais que um género
não narrativo e não dramático entre outros, e, de facto,
reduz-se a uma forma, que é a ode".

p. 42, artes poéticas do século xvi: justapõe as espécies
- Peletier du Mans (1555): epigrama,, soneto, ode, epístola,
elegia, sátira, comédia, tragédia, «obra heróica»;
- Vauquelin de ia Fresnaye (1605): epopeia, elegia, soneto, iambo,
canção, ode, comédia, tragédia, sátira, idilio, pastoral;
- Philip Sidney (An Apologie for Poeírie, 1583): heróica, lírica, trágica,
cómica, satírica, ¡âmbica, elegíaca, pastoral.

- p. 43, Arte poética de Boileau (1674):
o canto III trata da tragédia, da epopeia e da comédia;
o canto II alinha, sem nenhuma categorização de conjunto,
como nos predecessores do século xvi, idílico, elegia, ode,
soneto, epigrama, rondó, madrigal, balada, sátira, vaudeville e canção.

p. 44, "Ao lado, ou antes, portanto, sob os grandes géneros narrativos,
há uma poeira de pequenas formas, cuja inferioridade ou ausência
de estatuto poético deriva um pouco da exiguidade real das suas dimensões e suposta
do seu objecto, e muito à exclusiva secular lançada sobre tudo aquilo que não é
«imitação de homens actuantes». A ode, a elegia, o ' soneto, etc.,
não imitam nenhuma acção, pois que em princípio mais não fazem que enunciar,
como um discurso ou uma prece, as idéias ou os sentimentos, reais ou fictícios,
do seu autor".
p. 45: "A ideia de federar todas as espécies de poema não mimètico
para as constituir em terceiro partido sob o nome comum de poesia lírica
não é inteiramente desconhecida da idade clássica: simplesmente é aí marginal
e, por assim dizer, heterodoxa."
- Minturno, De Poeta (1559); Milton, Creatile of Education, 1644; Dryden,
Préface à l'Essay of Dramatic Poetry, 1668; Baumgarten, Esthétique, 1735.

- Francisco Cáscales, Tablas poeticas (1617):
lírica é um pensamento: concepto
- p. 47-48: Charles Batteux: As Belas Artes Reduzidas a um Mesmo Principio, 1746
"essa pura expressão, essa verdadeira poesia sem imitação apenas se encontra
nos cânticos sagrados. O próprio Deus as ditava, e
Ele «não tem necessidade de imitar, cria».
"«Enquanto a acção (nelas) se passa, a poesia é épica ou dramática;
desde que ela pára, e não pinta senão a pura situação da alma,
o simples sentimento que experimenta, é já por si lírica"
p, 49: "A poesia lírica é, portanto, também ela,’ imitação: imita os sentimentos."
p. 50: "O princípio da operação é simples, e já o conhecemos:
consiste em tirar de uma notação estilística'bastante marginal
uma tripartição dos géneros poéticos em ditirambos, epopeia, drama,
que conduz Aristóteles ao ponto de partida platónico, depois em interpretar
o ditirambo como um exemplo de género lírico, o que permite atribuir à Poética
uma tríade na qual Platão e Aristóteles nunca tinham pensado."



















0 Comments:

Post a Comment

<< Home