dialética negativa

Wednesday, August 15, 2018

Teoria Literária I- 2018-02

Teoria Literária I- 2018-02 - LEL100
Prof. Eduardo Guerreiro Brito Losso
Terça e quinta, 14h-15:40h, sala H-212

Roteiro de aula: http://eduardoguerreirobblosso.blogspot.com.br/2018/03/teoria-literaria-i-2018-01-roteiro-de.html

Textos teóricos:
Antoine Compagnon: Literatura para quê?

Walter Benjamin-alguns textos: 1- Surrealismo, 2- Melancolia de esquerda, 3- Doutrina das semelhanças, 4- Experiência e pobreza

Theodor Adorno_Horkheimer-Conceito de esclarecimento

Ivan Junqueira- O simbolismo


Textos literários:
Edgar Allan Poe- Os fatos do caso do Sr. Valdemar
A queda da casa de Usher

Charles Baudelaire - Pequenos poemas em prosa e
Flores do mal

Cruz e Sousa - Evocações

Raul Pompeia - Canções sem metro

livro sobre análise literária:
Massaud Moisés - Análise literária
Consulta de dicionários:
Dicionário de teoria da narrativa
Diccionario de los símbolos

Como fazer o trabalho:
Instruções de como fazer o trabalho

Cronologias da antiguidade:
http://eduardoguerreirobblosso.blogspot.com/2014/08/observacoes-teoria-literaria-iii-2014.html
Cronologias de literatura e filosofia
http://eduardoguerreirobblosso.blogspot.com/2013/11/cronologias-de-literatura-e-filosofia.html



Tuesday, August 07, 2018

Curso de pós-graduação na UFRJ de 2018-2:Tradição delirante: das mulheres visionárias medievais à poesia brasileira contemporânea

PROGRAMA: Ciência da Literatura
PROFESSOR:Eduardo Guerreiro B. Losso
PERÍODO: 2018.2
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO:
Teoria literária
NÍVEL: Mestrado e doutorado


TÍTULO DO CURSO: Tradição delirante: das mulheres
visionárias medievais
à poesia brasileira contemporânea
Horário: quinta, 17:00 a 20:00h, sala: H 304
EMENTA: Se normalmente se supõe que a ‘tradição’ seja conservadora,
mantenedora da ordem e dos bons costumes, o que seria uma tradição
delirante?  
“Delírio” vem de deliriare (estar louco), que provém da junção de de (para fora)
e lira (sulco do arado).
Delirar é, portanto, sair fora do sulco do arado, isto é, desviar-se da linha.
Tradição delirante é, então:
a transmissão daqueles que se desviam da norma, da conduta correta.
Estes necessariamente
devem irritar os guardadores da boa conduta, da razoabilidade, da retidão.
Segundo Deleuze, a literatura “arrasta a língua para fora
de seus sulcos costumeiros, leva-a a delirar”.
Para diferenciar as visões do escritor daquela do psicótico,
que levariam ao sofrimento e caracterizariam
um estado doentio, as errâncias da escrita, ao contrário,
não são doentes: “A literatura é uma saúde”.
Considerado por muitos como o primeiro movimento feminista europeu,
a associação das beguinas foi
um movimento de mulheres que dedicavam sua vida
tanto a ajudar desamparados quanto
a labores intelectuais e práticas espirituais.
Uma das mais importantes, Marguerite Porete (1250-1310),
foi queimada publicamente em Paris em 1310, sob acusação de heresia.
As visões que se traduziam
em escritos extravagantes e reflexões poéticas, para além da doutrinação
e da racionalidade,
orientavam-se para um novo modo de vida,
diferenciado do patriarcalismo eclesiástico. A partir daí,
toda uma tradição neoplatônica do uso da analogia vai radicalizar
o pensamento filosófico renascentista
com o uso de associações poéticas herméticas que buscam
uma experiência mágica com a natureza.
Em tempos modernos, simbolistas e surrealistas herdam
o desejo de experimentar alucinações
com a linguagem, aquilo que Benjamin chama de iluminação profana,
e pretendem secularizar
a prática das correspondências num mundo metropolitano e laico.
É nesse contexto que vai surgir,
de um simbolista como Cruz e Sousa (o nosso Dante negro),
de modernistas como Murilo Mendes
e Jorge de Lima, da geração paulista de Roberto Piva,
Jorge Mautner e Hilda Hilst, as tendências
psicodélicas do tropicalismo, as subversões comportamentais
da geração marginal, desembocando
na poética contemporânea da revista Azougue.
O curso pretende explorar não só a dimensão estética
da linguagem extravagante, como também
sua busca por uma arte de viver diferente das normas
e hábitos dominantes, nobres,  
burgueses ou eclesiásticos, contra a tecnocracia racionalista
e em direção a uma outra relação
com o ambiente e a natureza. É no exercício de um permanente estudo
de si mesmo para elaborar a solidão,
a convivência com outros próximos e com a sociedade em geral que
escritoras e escritores subversivos
propõem modos de vida diferentes, nos quais o curso vai se debruçar.


Parte 1- Introdução ao curso: O que é tradição delirante?
Conflito entre mito, delírio e razão;
Poesia, delírio e devaneio; delírio: êxtase verbal ou imaginativo?
Ilude? Isola?; resumo do curso;
O que é liberdade poética? Como a liberdade poética leva a uma vida livre?


Leitura principal:
DELEUZE, Giles. "A literatura e a vida". In: Crítica e clínica.
São Paulo: Ed. 34, 1997, p. 11-16.


Leituras complementares:
BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
COHN, Gabriel. Weber, Frankfurt: teoria e pensamento social.
Rio de Janeiro: Azougue, 2016.
PIRES, Ericson. Cidade ocupada. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.
Aula dia 9 e 16/08


Parte 2- Mulheres visionárias medievais, diferença entre
literatura visionária e apofática,
lugar das mulheres: Marguerite Porete e Hildegard de Bingen;
modo de vida e estudo medieval;
literatura apocalíptica como matriz surrealista;


Leitura principal:
Trechos de BINGEN, Hildegarda de. Scivias (Scito vias domini):
conhece os caminhos do senhor. São Paulo: Paulus, 2015.
Trechos de PORETE, Marguerite. O espelho das almas simples e aniquiladas e que
permanecem somente na vontade e no desejo do Amor. Petrópolis: Vozes,
2008.
Leituras complementares:
CIRLOT, Victoria. Hildegard von Bingen y la tradición visionaria
de Occidente. Barcelona: Herder, 2005.
HAMBURGER, Jeffrey. The Visual and the Visionary: Art and Female Spirituality in Late
Medieval Germany. Cambridge: Distributed by MIT Press, 1998.
HOLLYWOOD, Amy M. Sensible ecstasy: mysticism, sexual difference,
and the demands of history. Chicago: University of Chicago Press, 2002.
HOLLYWOOD, Amy M. The soul as virgin wife: Mechthild of Magdeburg,
Marguerite Porete, and Meister Eckhart. Notre Dame: University of
Notre Dame Press, 1995.
LIBERA, Alain de. Pensar na idade média. São Paulo: Ed. 34, 1999.
Aula 23 e 30/08


Parte 3- Analogia: teologia negativa, neoplatonismo e renascimento, e seu papel
na filosofia e literatura; relação entre poesia e magia; avanços e contradições
da reforma e iluminismo; defesa da poesia;
uso público da razão na universidade X delírios privados tornados públicos pela escrita;
crítica e iluminação;


Leitura principal:
Trechos de SIDNEY, Sir Philip. SHELLEY, Percy Bysshe. Defesas da poesia.
Tradução e introdução: Enid Abreu Dobranszky. São Paulo: Iluminuras, 2002.


Leituras complementares:
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas.
Uma arqueologia das ciências humanas.
São Paulo: Martins Fontes, 2000, capítulo “A prosa do mundo”, p. 23-62.
YATES, Frances. Giordano Bruno e a tradição hermética.
São Paulo: Cultrix, 1995.
WELLMON, Chad. Organizing Enlightenment: Information Overload and the Invention
of the Modern Research University. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2015.
WHITMER, Kelly Joan. The Halle Orphanage as scientific community : observation,
eclecticism, and Pietism in the early Enlightenment. Chicago:
The University of Chicago Press, 2016.
06/09 set (feriado)

Parte 4.1- Romantismo: filosofia natural de Novalis, busca da síntese entre
Idade Média e iluminismo, entre religião, filosofia e ciência, na poesia;


Leitura principal:
NOVALIS, Friedrich von Hardenberg. Discípulos de Sais. Lisboa: Hiena Editora, 1989.


Leituras complementares:
NOVALIS. A Cristandade ou A Europa: um fragmento (escrito no ano de 1799).
trad. José M. Justo. Lisboa: Hiena, 1991.
BERGENGRUEN, Maximilian. "Magischer Organismus. Ritters und Novalis' 'Kunst,
die Natur zu modificiren'". in: HERMANN, Britta et al. (org.).
Ästhetische Erfindung der Moderne? Perspektiven und Modelle 1750-1850.
Würzburg: Königshausen & Neumann, 2003, p. 39-54.
BÖHME, Hartmut. Natur und Subjekt. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1988.


Parte 4.2- Simbolismo: sonho, isolamento, extravagância, musicalidade; niilismo e
poética das correspondências, spleen e ideal, analogia e ironia;


Leitura principal: Trechos de GOMES, Álvaro Cardoso. Estética simbolista.
São Paulo: Atlas, 1994.
Leituras complementares:
BALAKIAN, Anna. O simbolismo. Perspectiva: São Paulo. 1985.
MICHAUD, Guy. La Doctrine Symboliste. Paris: Nizet, 1957.
PAZ, Octavio. Os filhos do barro: do romantismo à vanguarda.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
Aula 13/09 : Leitura: Novalis

Parte 5.1- Simbolismo brasileiro: juventude poética: os novos; Cruz e Sousa,
Dario Veloso e Gilka Machado; revistas;


Leitura principal:
Trechos de VELLOZO, Dario. “Esquifes”. In: Obras II. Curitiba:
Instituto Neo-Pitagórico, 1969, p. 33-86.
MACHADO, Gilka. Estados de Alma. Rio de Janeiro:
Revista dos Tribunais, 1917.
Aula 20/09: continuação: Novalis e leitura de Esquifes, de Dario Vellozo

Leituras complementares:
CAROLLO, Cassiana. Decadismo e simbolismo no Brasil:
Critica e poética. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Cientificos Ed., 1981.
MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira: O simbolismo (1893-1902).
São Paulo: Cultrix, 1966.


Parte 5.2- Surrealismo: busca da beleza convulsiva, hino à imaginação, supra-realidade
e onipotência do sonho; alucinação na pré-história, paraísos artificiais e portas da percepção;
outra cena: anarquismo e messianismo entre intelectuais judeus;


Leitura principal: Trechos de BRETON, André. Amor louco. Lisboa:
Editorial Estampa, 1971 [1937].


Parte 5.3- Murilo Mendes e Jorge de Lima: os modernistas delirantes:
conservadores ou subversivos?
Na política ou na linguagem?; literatura apocalíptica e visionarismo;
Céu e inferno;


Leitura principal: Techos de MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1994.

Leituras complementares:
BAUDELAIRE, Charles. Os paraísos artificiais. O ópio e poema do haxixe.
Porto Alegre: L&PM, 1986.
HUXLEY, Aldous. As portas da percepção e O céu e o inferno.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
BENJAMIN, Walter. “O surrealismo: o último instantâneo da inteligência europeia”.
In: Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e cultura.
São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 21-35.
LÖWY, Michael. Redenção e utopia. O judaísmo libertário na Europa central:
um estudo de afinidade eletiva. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
LÖWY, Michael. A estrela da manhã: surrealismo e marxismo. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2002.


Parte 5.4- Geração paulista delirante: Roberto Piva e Hilda Hilst;
pós-guerra: indústria cultural, expansão das universidades, desenvolvimentismo X
poéticas extravagantes, crescimento das cidades, da população,
classe média padronizada X drop out: cair fora da cidade;


Leitura principal:
Trechos de PIVA, Roberto. Um estrangeiro na legião: Obras reunidas, v. I.
São Paulo: Globo,2005.
HILST, Hilda. Da poesia. São Paulo: Companhia da Letras, 2017.

Leituras complementares:
TÜRCKE, Christoph. Philosophie des Traums. Munchen: C.H. Beck, 2008.
Aula 27/09: Continuação simbolismo
Aula 04/10: não haverá aula (estarei fora do Rio)
11/10 (feriado)
Aula 18/10 Portas da percepção:hermetismo, verbalismo e natureza
Aula 25/10 palestra de André Rios
01/11 (feriado)


Parte 6- Geração marginal e tropicalismo; poesia, música e contracultura;
rock delirante dos anos 70;


Leitura principal:
VELOSO, Caetano. Verdade tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.


Leituras complementares:
CHACAL. Belvedere [1971-2007]. São Paulo, Cosac Naify, 2007.
PENNA, João Camillo. O tropo tropicalista. Rio de Janeiro: Editora Circuito, 2017.

08/11 Palestra de Celia Pedrosa e Evando Nascimento: Literatura e natureza
15/11 (feriado)
Aula 22/11: Gilka Machado (parte 5.1) MACHADO, Gilka. Estados de Alma. Rio de Janeiro:
Revista dos Tribunais, 1917.


Parte 7- Azougue e contemporaneidade: correspondência em rede,
resistência e neoliberalismo, distraídos venceremos?,
o eletrônico e o impresso, imagem poética e tela, arquivo e imediatidade;
mulheres e poesia.


Leitura principal:
Trechos de COHN, Sergio. A reflexão atuante. Rio de Janeiro: Circuito, 2014.


Leituras complementares:
TÜRCKE, Christoph. Sociedade excitada: filosofia da sensação.
Campinas: Editora da Unicamp, 2010.
TÜRCKE, Christoph. Hiperativos! Abaixo a cultura do déficit de atenção.
Tradução José Pedro Antunes; revisão de tradução Eduardo Guerreiro B. Losso.
São Paulo: Paz e Terra, 2016.
Aula 29/11 Christoph Türcke - Cultura do déficit de atenção
Aula 06/12: último dia


Embora tenhamos dividido cronologicamente tais partes, teremos críticos e
poetas convidados a falar em aulas específicas, e que vão se imiscuir
dentro deste cronograma. Ao longo do primeiro mês definiremos melhor as datas.
Aqui mesmo nesta postagem vou atualizando todas as informações
necessárias ao curso.


Bibliografia básica:
ADORNO, Theodor. Dialética negativa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política.
Ensaios sobre literatura e cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BORGES, Jorge Luis. Prólogos: com um prólogo dos prólogos.
Rio de Janeiro: Rocco, 1985.
CERTEAU, Michel de. A fábula mística séculos XVI e XVII: volume 1.
Rio de Janeiro: Forense, 2015.
COHN, Sergio. A reflexão atuante. Rio de Janeiro: Circuito, 2014.
DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. São Paulo: 34, 1999.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. Uma arqueologia das ciências humanas.
São Paulo: Martins Fontes, 2000.
LÖWY, Michael. Redenção e utopia. O judaísmo libertário na Europa central:
um estudo de afinidade eletiva. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
PAZ, Octavio. Os filhos do barro: do romantismo à vanguarda.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
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